O uso de Anticorpos Monoclonais na COVID-19

Desenvolvido por: Francidalva Soares
Publicado: 16/05/2025

A pandemia de COVID-19, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, gerou uma emergência global em saúde pública, evidenciando a necessidade de novas abordagens terapêuticas para combater a morbimortalidade associada à infecção. Dentre essas abordagens, o uso de anticorpos monoclonais surgiu como uma opção promissora, especialmente para pacientes com maior risco de evolução para formas graves da doença, como idosos, imunossuprimidos e portadores de doenças autoimunes. Estes últimos, frequentemente tratados com agentes imunossupressores, como Infliximabe e Tocilizumabe, representam uma população particularmente vulnerável. A imunossupressão, associada à própria disfunção imunológica da doença autoimune, pode comprometer a resposta imune à infecção viral e à vacinação. Assim, torna-se fundamental compreender como essas terapias impactam a eficácia do tratamento e a evolução da COVID-19 nesses pacientes.
O presente estudo tem como objetivo avaliar a resposta imune humoral e a eficácia do tratamento com anticorpos monoclonais em pacientes com doenças autoimunes infectadas pelo SARS-CoV-2. Adicionalmente, pretende-se discutir as implicações clínicas do uso dessas terapias no manejo da COVID-19, considerando suas potencialidades e limitações.
Este trabalho baseia-se na análise de dados apresentada na dissertação de Andrade (2022) e no artigo de Benevides et al. (2024). Andrade (2022) investigou a reatividade de anticorpos IgM e IgG contra a proteína N do SARS-CoV-2 em pacientes com doenças autoimunes, especificamente artrite reumatóide e espondilite anquilosante. Para tanto, foram utilizadas 116 amostras de sangue, coletadas em diferentes momentos, comprovadas por meio da técnica de ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay) para detecção de anticorpos. Os pacientes foram tratados com anticorpos monoclonais, incluindo Infliximabe e Tocilizumabe.
Em complemento, o artigo de Benevides et al. (2024) realizaram uma revisão sistemática sobre o uso de anticorpos monoclonais no tratamento da COVID-19, abordando aspectos de eficácia, aplicabilidade clínica e limitações, especialmente em populações vulneráveis.

Fonte: Gov, 2020

Resultados
Segundo Andrade (2022), os pacientes com doenças autoimunes apresentaram níveis significativamente mais elevados de anticorpos IgM quando comparados ao grupo controle, tanto antes quanto após a vacinação contra a COVID-19. Por outro lado, os níveis de IgG foram inferiores ou semelhantes aos observados em indivíduos saudáveis. Esses achados sugerem uma alteração na dinâmica da resposta imune, possivelmente indicando um atraso na imunoconversão de IgM para IgG, o que poderia comprometer a eficácia imunológica, tanto natural quanto vacinal.
Além disso, o tratamento com anticorpos monoclonais modula a resposta imune, intensificando a produção de IgM, mas sem diferenças marcantes nos níveis de IgG. Tal fato reforça a necessidade de considerar parâmetros adicionais na avaliação da proteção imunológica em pacientes autoimunes.
Os dados de Benevides et al. (2024) corroboram a eficácia do uso de anticorpos monoclonais no manejo precoce da COVID-19. O tratamento declarado tem capacidade de reduzir significativamente a carga viral, diminuir a necessidade de hospitalizações e melhorar os resultados clínicos em pacientes de risco. Entretanto, os autores alertam para limitações importantes, como o elevado custo de produção, a necessidade de administração intravenosa em ambiente hospitalar e o surgimento de variantes do vírus que podem escapar da neutralização conferida por anticorpos utilizados.
A resposta imune observada em pacientes com doenças autoimunes revela implicações importantes para o manejo clínico desses indivíduos durante a pandemia. O aumento sustentado de IgM e a produção subótima de IgG podem indicar uma resposta imunológica incompleta ou menos eficiente, aumentando o risco de infecções graves e de reinfecções.
Embora eficaz no controle precoce da carga viral, o uso de anticorpos monoclonais deve ser visto como uma medida complementar e não substitutiva às estratégias de vacinação e fortalecimento do sistema imunológico desses pacientes. Além disso, a alta especificidade das anticorpos monoclonais representa uma vulnerabilidade frente à emergência de variantes virais com alterações nas proteínas-alvo, o que pode reduzir sua eficácia terapêutica.
Portanto, o monitoramento contínuo da resposta imune, incluindo a avaliação de células T e memória imunológica, é essencial para uma compreensão mais abrangente da proteção conferida em pacientes autoimunes. A personalização do tratamento, baseada no perfil imunológico individual, pode ser um caminho promissor para maximizar a eficácia terapêutica.
O uso de anticorpos monoclonais em pacientes com doenças autoimunes constitui uma estratégia relevante e inovadora no combate à COVID-19, especialmente para indivíduos com maior risco de sepulturas em avanços. Entretanto, a resposta imune humoral desses pacientes é atípica, o que pode impactar a eficácia das vacinas e a proteção contra lesão pela infecção natural.
Apesar dos avanços, o acesso desigual a tratamentos esses, os custos elevados e o risco de escape imunológico limitam a aplicabilidade dos anticorpos monoclonais em larga escala. Sendo assim, essas terapias devem ser utilizadas de maneira estratégica, em conjunto com medidas como vacinação em massa, vigilância genômica de novas variantes e fortalecimento dos sistemas de saúde pública.
Investimentos em pesquisa translacional e desenvolvimento de terapias mais acessíveis e abrangentes são fundamentais para garantir que as tecnologias baseadas em anticorpos possam beneficiar um número cada vez maior de pacientes vulneráveis ​​em futuras pandemias.