Tratamento Doença de Crohn com Anticorpos Monoclonais
Desenvolvido por: Juliane Costa
Publicado: 16/05/2025
Os Anticorpos Monoclonais (mABs) são imunoglobulinas derivadas de um mesmo clone do linfócito B, cuja clonagem e propagação se efetuam em linhas de células contínuas. Os mABs são projetados para interagir com antígenos específicos encontrados em certos tipos de células, apresentando maior eficácia na preservação das células saudáveis em comparação com as terapias citotóxicas convencionais.
Esses agentes são eficazes por meio de vários mecanismos, como bloquear receptores ou fatores de crescimento essenciais para as células, induzir a apoptose, ligar-se a alvos celulares e recrutar funções, como citotoxicidade celular, anticorpo-dependente ou citotoxicidade complemento-dependente, além de distribuir partículas citotóxicas, como radioisótopos e toxinas.
A doença de Crohn, é uma doença inflamatória intestinal que pode causar sintomas muito variados e para quem ainda não se conhece uma cura. O tratamento costuma ser complexo e pode exigir, em alguns casos, combinação de medicamentos e procedimentos cirúrgicos, necessários para tratar obstruções, complicações infecciosas e/ou que rejeições ao tratamento medicamentoso. A melhor decisão será definida, após análise médica especializada, de acordo com a localização da doença, o grau de atividade e as possíveis complicações, de forma individualizada e com base na resposta sintomática e tolerância ao tratamento. O objetivo é induzir a remissão clínica e a prevenção de recorrências da doença.

Entre os anticorpos monoclonais mais utilizados está o infliximabe, um anticorpo quimérico anti-TNF-α que bloqueia a atividade dessa citocina pró-inflamatória central na patogênese da doença. Outros agentes anti-TNF incluem o adalimumabe e o certolizumabe pegol, que apresentam evidências semelhantes na indução e manutenção da remissão clínica. Além dos anti-TNF, surgiram terapias com outros mecanismos de ação, como o ustekinumabe, que bloqueia as interleucinas 12 e 23, modulando a resposta imunológica de maneira diferente, e o vedolizumabe, um anticorpo monoclonal que atua na integrina α4β7, proporcionando a passagem de linfócitos para o trato gastrointestinal e, consequentemente, uma imunidade local.
O ustequinumabe (UTQ) é um anticorpo monoclonal humanizado dirigido contra a subunidade p40 comum da interleucina (IL) -12 e IL-23, duas importantes citocinas pró-inflamatórias na fisiopatologia da DC.
Desvantagens e Considerações:
- Custo elevado: Os anticorpos monoclonais são medicamentos de alto custo.
- Via de administração: geralmente administrada por infusão intravenosa ou injeção subcutânea, o que pode exigir visitas a clínicas ou hospitais.
- Possíveis efeitos colaterais: Embora geralmente bem tolerados, podem ocorrer reações infusionais, aumento do risco de infecções (incluindo reativação de tuberculose latente), e desenvolvimento de anticorpos contra o medicamento, o que pode reduzir sua eficácia ao longo do tempo.
- Monitoramento: Requerem monitoramento médico regular para avaliar a resposta ao tratamento e detectar possíveis efeitos colaterais.
O tratamento da Doença de Crohn com anticorpos monoclonais representa um avanço significativo na terapêutica dessa doença inflamatória intestinal crônica. Esses medicamentos atuam modulando o sistema imunológico, ajudando a controlar a inflamação e os sintomas. O uso deles revolucionou o tratamento da doença de Crohn, proporcionando maior controle da inflamação, melhor cicatrização da mucosa e redução das complicações, como estenoses e fístulas. No entanto, o seu emprego exige cuidados específicos: tais como reações no local da injeção; infecção devido à baixa imunidade; em casos raros, desenvolvimento de anticorpos contra o próprio medicamento como triagem para tuberculose latente e infecções virais, devido ao risco de imunossupressão. Por isso acompanhar o tratamento é de total importância para que tudo ocorra bem a fim de trazer qualidade de vida ao paciente.